segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O Guitarrista Avançando: Aplicação dos Conceitos e Técnicas de Guitarra

O Guitarrista Avançando: Aplicação dos Conceitos e Técnicas de Guitarra

Este livro é um divisor de águas, tanto para o estudante de guitarra, quanto para o guitarrista que toca em nível profissional.
O autor Mick Goodrick trata neste método, entre outros pontos, a visualização, compreensão e performance do guitarrista diante de uma concepção horizontal. Em outras palavras, auxilia o guitarrista no aprendizado da prática linear do braço.
A partir de algumas semanas seguindo algumas das práticas sugeridas neste método, o estudante começa a perceber acentuado desenvolvimento na memorização das notas musicais pelo braço do instrumento. As práticas de escalas e arpejos em cordas independentes e separadamente, assim como as evoluções para duas cordas com duas notas e depois, três e quatro com imposições de limites em cada estágio permitem um progresso que por vias "tradicionais" duram anos.
Quando um trompetista, flautista ou enfim, qualquer outro instrumentista se depara com um guitarrista já considerado experiente que não sabe que nota se toca em determinada posição do braço, a impressão é a de que o respectivo guitarrista não foi competente ou estudioso o bastante para saber de algo tão básico. Mas devemos saber que a guitarra possui 5 posições para o Dó central (3), ou seja, o guitarrista tem 5 vezes a problemática da memorização linear. Por isso os guitarristas demoram tanto para ler com fluência.
O próprio autor recomenda este método para avançados, mas creio que sua utilização no início certamente trará resultados surpreendentes, no entanto, seria revolucionário demais.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Partitura não convencional



Já ouviu falar em partitura não tradicional? Pois bem, grafia musical tradicional, assim como a conhecemos hoje no ocidente, tem um longo histórico de desenvolvimento que na verdade segue um paralelo ao desenvolvimento da civilização ocidental, ou seja, a civilização influenciada pela cultura greco-romana.
Infelizmente não se tem muitos registros sobre as grafias musicais no mundo antigo, tão pouco, podemos associar com fidelidade a nossa escrita atual com um possível esboço de grafia musical antiga.
Talvez um dos únicos registros de grafia musical que se tem conhecimento seja o “Epitáfio de Seikilos”, um manuscrito encontrado em uma lápide na Turquia cuja transcrição continha uma letra acompanhada de uma escrita musical.
É sabido também que na China antiga, havia já o conhecimento de teorias complexas como o ciclo das quintas, porém não se tem provas de qualquer forma de grafia musical, assim como na mesopotâmia, Egito, etc.
O que podemos afirmar com certeza é que a grafia musical que conhecemos e utilizamos hoje nada tem com qualquer outra do mundo antigo, isto é, se é mesmo que existiu, porém, não podemos descartar a hipótese de que uma possível grafia sistematizada na Grécia antiga tenha influenciado outra em Roma durante o império que esta por sua vez tenha acrescentado algo na formação da escrita neumática do séc. IX.
A escrita que utilizamos nos dias atuais, que chamamos de escrita convencional, foi desenvolvida a partir dos neumas do séc.IX.
A escrita neumática se dava através do registro grafado das alturas, inicialmente em uma linha apenas.
Atribui-se a Guido d´Arezzo no séc. X, a introdução do tetragrama, exercendo uma influência preponderante na notação musical convencional assim como o acréscimo do uso das claves de Fá e de Dó na pauta.
A notação quadrada do séc.XII se deve ao uso dos neumas no tetragrama.
No séc. XV o pentagrama já era usado e havia se desenvolvido devido à necessidade de grafar as inovações no sentido da extensão das alturas da melodia vocal da época. Ainda neste séc. temos o acréscimo do branco em uma notação que era em sua totalidade preta. Este acréscimo ocorreu para fortalecer o desenvolvimento rítmico da escrita visto que desta “nova” maneira, conseguiam-se distinguir os tempos dos sons de maneira mais precisa.
Entre os sécs. XVI e XVIII incluíam-se também as barras de compasso, os travessões ligando figuras de mesmo valor, a ligadura, as claves se padronizavam, o que facilitava a leitura, e também o acréscimo da fusa e semifusa.
Os sinais de dinâmica, acentuação e articulação foram muito enriquecidos no séc. XIX
Enfim, temos a partitura convencional finalizada em relação ao seu desenvolvimento no séc. XX. Porém, também no mesmo século, temos o uso de partituras não convencionais.
A partir de compositores como Debussy, começa a ser percebida uma necessidade de outro tipo de escrita, talvez uma que seja impossível de se padronizar como a convencional devido às constantes mudanças que as civilizações experimentaram neste século, o que certamente se refletiu na arte e na cultura.
Muitos compositores do séc. XX precisaram do recurso da escrita não convencional para o registro de suas composições, alguns deles, muito renomados como John Cage, Stockhausen, Gyorgy Ligerti, Flo Menezes, entre outros.
Alguns compositores usam legendas em suas “partituras” como José Maria Garcia Laborda, por exemplo:




A partitura não convencional, não pertence apenas aos compositores do séc. XX. Na verdade, este sistema se caracteriza como uma tendência de estudos dos compositores da música erudita até os dias atuais.

A grafia musical com a estrutura que a conhecemos hoje, ou seja, sinais gráficos simbolizando alturas em linhas sobrepostas e o uso das claves foi estabelecida por volta dos sécs. IX ao X, porém seu desenvolvimento se perpetuou através dos séculos chegando até os dias atuais com consideráveis mudanças.
A grafia não convencional, ou melhor, pré-ocidental, voltou a ser usada no séc. XX, pois os compositores perceberam que não havia sinais suficientes para registrar tantos sons, pois no séc. XX o experimentalismo se tornou uma forte característica na música erudita, o que acarretou infinitos sons marcados por vibrações regulares ou não regulares também, ou seja, os ruídos começam a fazer parte da concepção musical dos compositores.
Exemplos de partituras não convencionais:

Referências Bibliográficas:
SADIE, Stanley. Dicionário Grove de Música: edição concisa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994.
GRIFFITHS, Paul. A Música Moderna: Uma história concisa e ilustrada de Debussy a Boulez. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1987.
CURSÁ, Dionisio de Pedro. Manual de Formas Musicales: Curso Analítico. Madrid: Real Musical, 1993.
HENRY, Earl.; ROGERS, Michael. Tonality And Design In Music Theory. New Jersey: Pearson, Upper Saddle River, 2005.
NÉSPOLI, Eduardo. UAB –UFSCar, Construção de Instrumentos para Educação Musical 1: Organologia e Classificação dos Instrumentos Musicais. Disponível em: http://ead2.uab.ufscar.br/mod/resource/view.php?inpopup=true&id=8079
Sociedade Filarmônica Sãomanuelense. Notação Musical. Espana. Disponível em: http://bandasm.ies